Encontro
do Mar com o Mar
Acredito
que talvez os sentimentos que se permitem serem os mais profundos são
aqueles direcionados às coisas menos notáveis, inanimadas. Um olhar
sobre a imagem que humaniza aquilo que é menos humano.
Assim uma mesma experiência pode ser simplesmente
comum para alguns enquanto que para outros instiga sua sensibilidade, se
tornando então, a partir deste momento, uma experiência estética.
Instante em que
um material depreciado passa a ser um
material poético.
De
fato o encontro do mar com o próprio mar pode passar desapercebido,
de modo que para se perceber a beleza só é possível através de
dois caminhos: a partir da ingenuidade e a partir da percepção do
sentimento. Ingenuidade essa que só se abriga naqueles que ainda
possuem a qualidade de crédulo, aqueles que vestígios de pureza
ainda residem; aqui a simplicidade prevalece. Já a percepção do
sentimento não se basta apenas dela, mas exige algo além, o
conhecimento do interior de si próprio, de modo que ao buscar o
sagrado dentro de si o externo se materializa.
Aqui
a fluidez da imagem [memória] ganha força com a liquidez da água
em
que ondas de luz e de cores se completam com as próprias ondas do
oceano,
oceano
esse que Distancia
Distância
imagem
margem
Manoela Gonzaga Clemente
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