quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Raízes espirituais




Foto de: Jean-Pierre Dalbéra

Uma foto. Medo de perder, de esquecer, vontade de dividir.
Algumas experiências que vivemos são tão boas que sentimos a necessidade de compartilhar, mas que angustia quando palavras, fotos, vídeos não são suficientes. Algumas sensações são simplesmente inenarráveis. Esse sentimento de querer guardar, eternizar me vem toda vez que vejo algo que me faz me, que me acalma, que me encanta. Não foi diferente com a Alhambra.

Em janeiro de 2006 fui com a minha família para a Espanha. Alugamos um carro e viajamos pelo pais. Cidades lindas, paisagens novas, mas nada como Granada, mais especificamente a Alhambra. É o único palácio árabe inteiramente conservado até hoje.
Em uma visita de aproximadamente 5 horas eu tive a sensação de retornar as origens. Sou de família árabe e isso sempre foi muito presente na minha vida.
            Era um dia muito frio, nublado, nem era um dia muito bonito, mas o lugar tornou aquele um dos dias mais bonitos que tive. A imensidão daquele lugar me engoliu e me levou para outra atmosfera. Os detalhes talhados nas paredes e teto, os desenhos no chão e os vitrais coloridos me faziam pensar nos que fizeram tudo aquilo e pude sentir a importância e o significado que aquele espaço tinha.
A cada passo, cada ambiente novo uma nova sensação. Poder, solidão, e felicidade se misturavam no palácio.
Minha mãe, que passou sua infância no Líbano, encheu os olhos de lagrima ao ver a beleza e o cuidado que tiveram com cada detalhe da contrucao e dos jardins. Ao ver a importância que aquilo tinha para ela me dei conta da grandiosidade e me emocionei também.
Os jardins, mesmo que sem flores eram encantadores e cada um tinha uma fonte, isso me trazia a energia do “novo” e ingênuo.
Saí de lá ja com saudade “de casa”. O medo de não voltar, de perder, agora não mais de esquecer.
Em julho de 2011 pude voltar para Espanha e Granada. Com outras pessoas, fiz questão de retornar a Alhambra e a sencacao era de voltar as origens, e por mais engraçado que seja, recebe-los em casa. Ao mesmo tempo pude conhecer um novo lugar afinal, era verão.  Um sol forte e um calor de 40 graus foram o pano de fundo para esse retorno. O lugar era o mesmo a beleza era ainda maior. Depois do “reconhecimento” ainda pude despedir-me com calma. Jantamos com a vista do sol, que se punha por traz da mais bela "casa".

Fotos e texto: Laura Youssef

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