quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Sobrevoando o Silêncio


Vivemos hoje cercados e bombardeados de informações, chego a me questionar se conseguimos absorver pelo menos uma informação por inteiro. Fazemos diversas atividades ao mesmo tempo, falamos com varias pessoas de diversos lugar em um mesmo instante.
            Acredito que precisamos de uma pausa tanto para recarregarmos nossas energias, quanto para nos situarmos diante do mundo em que vivemos, para criarmos senso critico daquilo que queremos ser, e daquilo que achamos importante. Acredito simplesmente que precisamos de uma pausa para respirarmos.
            Justamente em busca de um pausa daquilo que me cerca, decidi procurar algo diferente do que costumo ver e sentir diariamente, senti a necessidade de ver algo que me chocasse, algo que me trouxesse de volta a sensação de liberdade e de descoberta, sensações estas que me eram frequentes quando mais nova e que me ajudaram na definição da pessoa que sou hoje.
            Fui viajar para a Turquia em julho de 2011, com minha mãe e mais duas irmãs, fomos abertas a ver algo novo e ter experiências únicas. Posso dizer que durante o tempo que estávamos em Istambul o maior choque que tivemos foi a relação da religião com a população, a qual indiferente ao calor de 40 graus, usavam burcas que cobriam o corpo inteiro. Porém, por mais que achássemos diferente e intrigante essa cultura, era algo esperado, e por ser algo esperado, não trazia o novo como algo mágico. Foi então, que quando saímos de Istambul e fomos para Cappadocia, um lugar calmo e com uma beleza natural singular, impossível ficar olhando pela janela do carro as paisagens sem ficar impressionado com a particularidade do lugar.
            Assim que nos hospedamos, ficamos sabendo que havia toda manha um passeio de balão por Cappadocia, eu e minha mãe nos empolgamos com a notícia e topamos na hora, minhas irmãs devido ao medo de altura preferiram ficar no hotel. No dia seguinte, eu e minha mãe levantemos as 4:30 da manha, pois as 5 da manha já éramos para estarmos dentro do balão.

            Olho para todas as direções e vejo diversos balões crescendo e diversas pessoas ansiosas para entrar dentro deles, até que em um piscar de olhos, enquanto estava esperando meu balão ser erguido, vejo mais de dez balões sobre mim, e criando a cada instante uma distancia que os deixavam pequenos, e cada instante mais dez surgiam diante dos meus olhos. Entro no balão com mais dez pessoas, no mesmo momento que o balão sobe, o sol começa a nascer, era algo incrível, subir em direção ao céu juntamente com o sol, uma cena a qual jamais esquecerei, eu estava sobrevoando aquele lugar magico, o qual já havia me tocado na chegada em Cappadocia.
            Diante daquela cena, vejo centenas de balões e centenas de pessoas dentro deles e um silêncio absoluto, era disso que eu precisava, era dessa pausa que estava procurando, o único barulho que podíamos escutar era o pulsar do fogo dos balões, ninguém era capaz de dizer nada, todos entraram falantes e saíram mudos dos balões, pois diante daquela experiência o silencio e as sensações que o vento trazia era o que mais importava, e não precisava ser descrito e sim sentido.


Bruna Caçapietra Machado

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